Tereza de Benguela: A Rainha Quilombola que Desafiou a Escravidão e Inspira a Luta Antirracista

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Foto: Imagem Ilustrativa

Em um período sombrio da história brasileira, marcado pela brutalidade da escravidão, emergiram figuras de inabalável coragem e liderança. Entre elas, Tereza de Benguela se destaca como um farol de resistência, uma rainha quilombola que, com sua força e inteligência, desafiou o sistema opressor e deixou um legado que ecoa até os dias de hoje na luta contra o racismo.

A história de Tereza de Benguela é, antes de tudo, a história de resiliência. No século XVIII, ela liderou o Quilombo do Quariterê, situado no Vale do Guaporé, Mato Grosso, após a morte de seu companheiro, José Piolho. Sob sua gestão, o quilombo prosperou, tornando-se um refúgio para centenas de negros escravizados e indígenas, uma verdadeira nação dentro da nação colonizada. Quariterê não era apenas um local de sobrevivência, mas um centro de organização social e econômica. Tereza implementou um sistema de defesa robusto, organizou a produção de alimentos – cultivando algodão, milho, feijão e mandioca –, e desenvolveu uma rede de comércio com povoados vizinhos. Ela era a prova viva de que a capacidade de autogestão e organização dos povos africanos e seus descendentes era não apenas possível, mas extremamente eficaz, desmentindo a narrativa colonial de inferioridade.

A liderança de Tereza de Benguela ia além da administração. Ela era uma estrategista militar, liderando seu povo em diversas batalhas contra as investidas das tropas coloniais que tentavam destruir o quilombo e recapturar seus habitantes. Sua bravura e astúcia foram lendárias, e o Quilombo do Quariterê resistiu por décadas sob seu comando, tornando-se um símbolo de liberdade e autonomia.

A importância de Tereza de Benguela para a luta contra o racismo é imensurável. Sua trajetória representa a negação ativa da subalternidade imposta pela escravidão. Ao construir e manter um quilombo próspero e resistente, ela não apenas garantiu a liberdade de seu povo, mas também demonstrou a capacidade de organização, liderança e resiliência dos negros e indígenas frente à opressão. Ela desmantelou, na prática, a ideologia racista que justificava a escravidão, provando que a humanidade e a capacidade de autogoverno não tinham cor.

Hoje, Tereza de Benguela é celebrada como um ícone. O Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, comemorado em 25 de julho, é um reconhecimento fundamental de sua contribuição e da importância da mulher negra na história do Brasil. Sua figura inspira a persistência, a solidariedade e a luta por justiça social. Em um momento em que o racismo ainda permeia estruturas sociais e institucionais, lembrar e exaltar Tereza de Benguela é reafirmar que a resistência é um legado, e que a busca por uma sociedade igualitária e antirracista continua sendo uma tarefa de todos. Ela nos lembra que a memória é uma ferramenta poderosa na construção de um futuro mais justo, onde a liberdade e a dignidade não sejam privilégios, mas direitos inalienáveis para todos.

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Dr. Douglas Nunes

Administrador de Empresas, Prof. de Administração Geral e Pública pela Assccon do Brasil, Gestor Cultural, Conselheiro Regional de Cultura

4 Responses

  1. Um artigo excelente relata a resistência dessa mulher que provou que a escravidão é algo horrendo e imoral. Fez da sua luta a resistência de muitos. E continua hoje a inspirar a luta pelo racismo e desigualdade humana.

    1. Verdade Eliene, Tereza de Benguela continua a nos inspirar até os dias atuais, sendo orgulho para todas as Mulheres e Homens Negros do Brasil.

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